EXALTAR E REIVINDICAR O ESPLENDOR DAS MISSÕES
Há
algo místico encravado no solo desta terra, difícil de explicar; e talvez para quem
nunca sentiu, mais difícil ainda entender.
Falo dessa ânsia de ganhar o ar, de subir à superfície; de ser ouvido, de poder falar.
Não falar por falar, mas por saber que é urgente falar...
De rasgar o véu de sonolência que nos cobre a centenas de anos!
O esplendor das Missões foi soterrado por medo, ciúmes e ganância. Há muito vimos pisando e compactando nossa história.
Cabe a nós despertar: Alçar vôo e abrir a voz!
Falo dessa ânsia de ganhar o ar, de subir à superfície; de ser ouvido, de poder falar.
Não falar por falar, mas por saber que é urgente falar...
De rasgar o véu de sonolência que nos cobre a centenas de anos!
O esplendor das Missões foi soterrado por medo, ciúmes e ganância. Há muito vimos pisando e compactando nossa história.
Cabe a nós despertar: Alçar vôo e abrir a voz!
Dos trinta povos missioneiros da grandiosa experiência jesuítica/guarani, neste canto da América do Sul, nós, dos Sete povos Orientais(lado de cá do rio Uruguai) fomos os "Ponta de lança", os que mais sofreram com a proximidade do "vizinho" Português. Mesmo bradando, exigindo respeito, pegando em armas, indo a luta, não conseguimos evitar a devastação. Fomos tal qual o poeta Khalil Gibran dizia: "o olho mesmo sabendo ser vazado, enfrenta a lança".
Ficou o solo como testemunha dos esforços, impregnado de história e espiritualidade, vibrações que sentimos até hoje... Isso talvez justifique essa "gana missioneira" que carregamos no peito, como bem cantou Cenair Maicá, essa vontade de abrir a voz e dizer que existimos, que nossa história não pode ser esquecida.
A voz do excluído, a voz do sem voz, está representada na Arte produzida nas
Missões.
Todo artista é livre na sua manifestação artística, pode ir por ali, aqui e acolá; não deve ser escravo de nenhum estilo, pois cada estilo é veículo para expressar diferentes sentimentos.
Todo artista é livre na sua manifestação artística, pode ir por ali, aqui e acolá; não deve ser escravo de nenhum estilo, pois cada estilo é veículo para expressar diferentes sentimentos.
Mas quando sua obra, carregada de ânsias,
traduz e reivindica o esplendor que foram as Missões, a isso nós chamamos, na
música, de Estilo Missioneiro.
O que caracteriza o canto missioneiro não é o simples fato de citar a palavra "Missões" e sim ser uma bandeira, a voz do excluído, é um canto que aponta abusos e sugere melhorias.
Das esculturas que faço, audaciosamente denominei algumas de estilo: REALISMO MISSIONEIRO.(veja lá abaixo alguns modelos)
Para terminar, faço um alerta: há que se tomar muito cuidado com as fantásticas vibrações encontradas aqui nas Missões, elas podem facilmente transformar um "gênio" em genioso...
Sabe como reconhecer quando isso acontece?? É simples.
Todo missioneiro "genioso" sofre de dois grandes mal(como sou missioneiro e sofredor do mesmo, posso e devo contar):
1º) Síndrome do excluído: se sente excluído de tudo, ninguém lembra dele, se sente marginalizado, discriminado. E isso não é de agora: na guerra guaranítica, de acordo com o relato do diário de guerra do padre Tadeu Henis, o cacique de São Luis convidou por escrito o de São Miguel para tal atividade, um ataque, contra os demarcadores do Tratado de Madrid e como estava em São João Batista, convidou de boca o cacique deles, esse por sua vez, já sabendo disse em tom de cobrança e discriminação: "Tu convida o de São Miguel por escrito e eu de boca?"
Até hoje é assim, se tu convida alguém por escrito e outro não, é pedir chumbo grosso.
2º) Complexo de sumidade: se sente não o mestre, mas sim o mestre dos mestres. Aprendeu tudo sozinho, sem professor e sabe de tudo, o que não sabe adivinha.
Para nossa sorte, há um antídoto contra isso:
Nunca comparar-se com os outros, ser o seu próprio padrão de medidas, ser melhor hoje do que ontem.
É infalível, tenho usado seguidamente, pois nos mostra onde estamos de onde viemos e onde podemos chegar; sem soberbas, sem rancores, nem "peitaços" de arrogância.Nunca comparar-se com os outros, ser o seu próprio padrão de medidas, ser melhor hoje do que ontem.
Brincadeiras a parte(mesmo sendo verdades), este é o melhor povo do mundo para conviver!