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sábado, 22 de agosto de 2009

REALISMO MISSIONEIRO



EXALTAR E REIVINDICAR O ESPLENDOR DAS MISSÕES












Há algo místico encravado no solo desta terra, difícil de explicar; e talvez para quem nunca sentiu, mais difícil ainda entender.

Falo dessa ânsia de ganhar o ar, de subir à superfície; de ser ouvido, de poder falar.

Não falar por falar, mas por saber que é urgente falar...
De rasgar o véu de sonolência que nos cobre a centenas de anos!

O esplendor das Missões foi soterrado por medo, ciúmes e ganância. Há muito vimos pisando e compactando nossa história.
Cabe a nós despertar: Alçar vôo e abrir a voz!
Dos trinta povos missioneiros da grandiosa experiência jesuítica/guarani, neste canto da América do Sul, nós, dos Sete povos Orientais(lado de cá do rio Uruguai) fomos os "Ponta de lança", os que mais sofreram com a proximidade do "vizinho" Português. Mesmo bradando,  exigindo respeito, pegando em armas, indo a luta, não conseguimos evitar a devastação. Fomos tal qual o poeta Khalil Gibran dizia: "o olho  mesmo sabendo ser vazado, enfrenta a lança".
Ficou o solo como testemunha dos esforços, impregnado de história e espiritualidade, vibrações que sentimos até hoje... Isso talvez justifique essa "gana missioneira" que carregamos no peito, como bem cantou Cenair Maicá, essa vontade de abrir a voz e dizer que existimos, que nossa história não pode ser esquecida.
A voz do excluído, a voz do sem voz, está representada na Arte produzida nas Missões. 
Todo artista é livre na sua manifestação artística, pode ir por ali, aqui e acolá; não deve ser escravo de nenhum estilo, pois cada estilo é veículo para expressar diferentes sentimentos.
Mas quando sua obra, carregada de ânsias, traduz e reivindica o esplendor que foram as Missões, a isso nós chamamos, na música, de Estilo Missioneiro
O que caracteriza o canto missioneiro não é o simples fato de citar a palavra "Missões"  e sim ser uma bandeira, a voz do excluído, é um canto que aponta abusos e sugere melhorias. 

Das esculturas que faço,  audaciosamente denominei algumas de estilo: REALISMO MISSIONEIRO.(veja lá abaixo alguns modelos)


 
Para terminar, faço um alerta: há que se tomar muito cuidado com as fantásticas vibrações encontradas aqui nas Missões, elas podem facilmente transformar um "gênio" em genioso... 
Sabe como reconhecer quando isso acontece?? É simples.
Todo missioneiro "genioso" sofre de dois grandes mal(como sou missioneiro e sofredor do mesmo, posso e devo contar):
1º) Síndrome do excluído: se sente excluído de tudo, ninguém lembra dele, se sente marginalizado, discriminado. E isso não é de agora: na guerra guaranítica, de acordo com o relato do diário de guerra do padre Tadeu Henis,  o cacique de São Luis convidou por escrito o de São Miguel para tal atividade, um ataque, contra os demarcadores do Tratado de Madrid e como estava em São João Batista, convidou de boca o cacique deles, esse por sua vez, já sabendo disse em tom de cobrança e discriminação: "Tu convida o de São Miguel por escrito e eu de boca?" 
Até hoje é assim, se tu convida alguém por escrito e outro não, é pedir chumbo grosso.

2º) Complexo de sumidade: se sente não o mestre, mas sim o mestre dos mestres. Aprendeu tudo sozinho, sem professor e sabe de tudo, o que não sabe adivinha.

Para nossa sorte, há um antídoto contra isso: 
Nunca comparar-se com os outros, ser o seu próprio padrão de medidas, ser melhor hoje do que ontem. 
É infalível, tenho usado seguidamente, pois nos mostra onde estamos de onde viemos e onde podemos chegar; sem soberbas, sem rancores, nem "peitaços" de arrogância.

Brincadeiras a parte(mesmo sendo verdades), este é o melhor povo do mundo para conviver!
Quer experimentar??
Então: Visite São Luiz Gonzaga! Conheça as Missões!





Abaixo alguns modelos de esculturas que simbolizam esse estilo:

 Para visualizar as fotos com maior nitidez, favor clicar com botão direito do mouse e abrir em nova aba!












 






 
 


                                                                                                                                                                        











7 comentários:

Anônimo disse...

Muito massa, Vico!
Vai sair uma de seis metros?
hehehehehe

Estilão bueno, esse, e bem denominado...

CASA DO POETA/SLG disse...

É isso aí companheiro.
Concordo plenamente com tuas palavras e com a imagem.
A arte deve ser a expressão do sentimento e da criatividade do artista.
Um grande abraço issioneiro!

Anônimo disse...

Olha...
Como conversamos ontem, alguém tem que fazer algo, a atitude é louvável, mas me paraece (ainda) um pouco "abstrata", se é que compreende meu cienticifismo. Gostaria de ser convencido, de ter respondidas algumas "questões de ordem". Abraço aos amigos do blog, parabéns pelo trabalho e desculpe o ranço, já famoso! Anderson Schmitz.

José Renato Moura disse...

Vinícius, porque teus Sepés seguram uma cruz de apenas um braço, e não a cruz "missioneira" (dois braços pelo esquerdo, dois braços pelo direito ...).?
Falando em braços, deixo abraços!

Iria Maria disse...

Realismo? Algo real, o que não é fictício. E, o que é mais real do que a história desta terra?!
É o que acompanha esta realidade. Realismo Missioneiro!
Penso que tudo o que for expresso através das artes, seja qual for a modalidade ou estilo, e estiver representando símbolos, imagens, ou pedaços da história, poderá enquadrar-se no chamado “Realismo Missioneiro”.
São as vozes de quem não pôde gritar, defender-se, contar a versão real dos fatos, publicar o que efetivamente aconteceu... Vozes que não falavam muito, mas expressavam seu saber através das artes... Vozes que foram caladas... mas que, na inegável realidade histórica, continuam a gritar...

Arno Schleder disse...

Na terra que foi berço de fatos históricos incontestáveis e depois do sono de 200 anos, o mais real é que somos os protagonistas do momento.
E com certeza, amigo Vico, temos que nos aprofundar o máximo possível no conhecimento da história já acontecida aqui e nela alicerçarmos a nova história da arte, da qual com certeza seremos os autores.

odari disse...

Vínicius
Estive em São Luiz e senti tudo que tu disse, hoje moro em São José dos Campos e estou prestes a ser eleito Patrão do CTG "Saudades da Querência" e um dos meus objetivos será construir uma cruz missioneira das dimensões que existe nas ruinas. E vou concretizar um este sonho e representar este local mistico e inesquecível que são as missões. Odarialbuquerque@hotmail.com
me responda e faremos uma parceria em prol do nosso chão.

Desde já agradeço

Odari de Albuquerque Obermeier