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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Monumento em homenagem ao Payador.

Arquivo de fotos: Jayme Caetano Braun




Pais do Jayme: Sr. João Aloysio Thiesen Braun e D. Euclides Ramos Caetano.




Jayme com seus pais e seus irmãos.


domingo, 25 de maio de 2008

Breve Histórico de Jayme Caetano Braun






Jayme Caetano Braun
         -poeta e payador-




















                                           ESCLARECIMENTO

Antes de começar uma obra, procuro sempre fazer o histórico do homenageado; aqui no caso, fiz com muita alegria, pois além de ser grande admirador de Jayme Caetano Braun, sou primo de 3ºgrau dele (quando o vivente é bom, a gente puxa parentesco até o 5º grau). 
Não sou e nem tenho pretensões de ser historiador, sou escultor
Não sou o pai da verdade, portanto não tenho nenhum problema em corrigir qualquer coisa que alguém me prove estar equivocada neste histórico. 
Meu objetivo não é e nunca será obter méritos às custas de Jayme Caetano Braun. A obra dele fala por si só. 
Este histórico foi um pedido expresso da dona Gelsa Ramos De Moraisprima-irmã do Jayme,  para corrigir erros absurdos existentes sobre a vida do poeta. Na época eram publicados nos jornais e depois na internet. 
Um deles é de que sua mãe era uma "chirua bugra", outro que era formado em jornalismo/medicina, que tinha servido o exército e  outro é sobre o local do seu nascimento...(abaixo encontrará as respostas).

Comecei essa pesquisa em 2005 com a dona Gelsinha,  quando fiz a primeira escultura em homenagem ao Jayme(veja final postagem as três que fiz) e fui pegar com ela fotos e informações.  
Tenho documentos e certidões de nascimento, casamento e morte(estão no final desta postagem). 
Caso alguém necessite, tenho como provar o que está escrito neste histórico. Basta solicitar.

Nesta pesquisa, além das informações da D. Gelsa Ramos de Moraes(poetisa e declamadora do mais alto nível, pessoa que tinha estreita relação com o poeta), obtive também de seus dois irmãos: José Jesus Caetano Ramos(seu Juca) e da D. Danci Caetano Ramos. Jayme morou com eles, na fazenda Santa Terezinha, na Timbaúva durante anos. 
Também ouvi muitos relatos do sr. Ataliba dos Santos(quando jovem, ajudou Jayme no bolicho da Serrinha). 
Obtive a revisão final deste simples histórico na data de 10 de fevereiro de 2009, pela D. Aurora(Bréa)Ramos Braun, 2ª esposa e viúva do Jayme e em 30 de Janeiro 2015 uma revisão da poetisa e prima-irmã do Jayme Danci Ramos(irmã de Gelsa e Juca Ramos).

Publicado em 25 de maio de 2008.
Aperfeiçoamento: 03 de julho de 2016.
Aperfeiçoamento 31 janeiro de 2021.
Aperfeiçoamento em 04 de junho de 2021.
Aperfeiçoamento em 28 janeiro 2022.
Aperfeiçoamento em 24 agosto 2022.
Aperfeiçoamento em 14 janeiro 2024.
Aperfeiçoamento em 08 agosto 2024.
Último aperfeiçoamento em 12 setembro 2024.


SOLICITO àqueles que queiram usar as informações deste histórico, que não  esqueçam de citar os créditos
Já li em vários sites trechos deste trabalho e até ele inteiro sem citação nenhuma. Chegando ao absurdo de citarem como sendo deles as informações...O que para mim, tal atitude, além de ser deselegante , beira a desonestidade.



Esclareço que existem alguns livros que foram autorizados a usar este histórico. E citaram corretamente a autoria. 
Em apenas um, houve pequena confusão: O livro/relato  "A história da estátua de Jayme Caetano Braun". (Veja com detalhes no final desta postagem).



Bueno! 
Chega de explicações, vamos ao assunto!



BIOGRAFIA DE:
Jayme Caetano Braun

Poeta, declamador e payador (do castelhano; lê-se: pajador). 

Payada(pajada) é o verso de improviso comum nos paises Chile, Argentina, Uruguay e no sul do Brasil(RS), onde o pajador opina sobre algo em versos rimados, comumente ao som de milonga no violão. Os versos podem ser em décimas, porém não há essa obrigatoriedade. A pajada pode ser de infinitos temas, onde o pajador tem a liberdade de discorrer sobre qualquer assunto, porém sempre seguindo uma linha mestra relacionada às coisas do pago.
Para saber um pouco sobre a origem da palavra Pajador e Pajada, clique aqui: 

Símbolo maior da poesia gauchesca; especializou-se em décimas (poemas com estrofes de 10 versos).

Jayme Caetano Braun aprendeu a arte de recitar versos de improviso desde sua infância, na "acadêmia" poética familiar materna: Família Ramos.

Seus versos eram em vários formatos(quadras, sextilhas, oitavas), porém a partir do contato que teve com o poeta uruguaio Sandálio Santos em 1958, se especializou em décimas(versos em dez linhas). Sandálio foi  seu incentivador e professor na décima(dito pelo próprio Jayme em entrevista ao radialista Glênio Reis da rádio Gaúcha)
Nicasio García Berisso, vulgo Sandálio Santos
poeta, escritor e jornalista uruguaio
quem apresentou  a décima espinela ao Jayme


Jayme escrevia poesias, declamava, fazia versos de improviso solo e também pajadas de contraponto(onde um pajador contrapõe o outro em versos rimados).

De acordo com o que pesquisei Jayme fez apresentações de contraponto memoráveis: duas com o mestre uruguayo Sandálio Santos, duas com o grande Argentino Luna e duas com o também argentino Manuel Rosas (El Brujo). Se apresentou com maestria em todos os duetos(fazendo pajadas também em espanhol). Outro dueto histórico do Jayme foi com Gildo de Freitas(o maior trovador do RS) na década de 70 na fazenda Santa Terezinha das Rosas(Timbaúva), do seu tio Danton Ramos, uma tarde inteira...(veja final da postagem). 
Sobre as duas apresentações com Argentino Luna: a primeira foi no espetáculo "Canto Sem Fronteira" no teatro da OSPA em Porto Alegre-RS e a segunda foi no
"Te Déun de Pajadores da América Latina" em Passo Fundo-RS. Relato feito pelo pajador Paulo de Freitas Mendonça no blog do amigo Léo Ribeiro. Veja aqui completo:https://blogdoleoribeiro.blogspot.com/2016/03/sobre-o-cantor-argentino-luna.html

Jayme e Argentino Luna em
pajada histórica no teatro da OSPA
Porto Alegre-RS










Jayme e Manoel Rosas


Na frente, Argentino Luna e Jayme Caetano Braun. Ao fundo, da esquerda para a direita, José Claudio Machado, Glênio Fagundes, Enio Rodrigues, Paulo de Freitas Mendonça, Gilberto Monteiro, Cenair Maicá e Dante Ramon Ledesma.
Foto e nomes retirados blog Léo Ribeiro



Para saber o que é Pajada, Pajadores e como o Jayme se apresentava, clica aqui vivente:



Em seus versos Jayme Caetano Braun,  retratou, com conhecimento de causa, os hábitos costumes e vicissitudes do homem campeiro do sul do Brasil.
O peão de estância, o gaúcho andarilho, o índio missioneiro e muitas outras figuras regionais ganharam vida em seus poemas.
A formação dos Sete Povos das Missões, a epopéia farroupilha, foram alguns dos seus muitos temas.
Eterno filósofo galponeiro, em suas reflexões, buscou as respostas da existência na visão do homem simples.
Sua temática ia da raiz às estrelas, sendo ao mesmo tempo regional e universal; seus versos, mescla de história, costumes e atualidades, exaltaram a vida do homem excluído, pobre e oprimido.
Foi a voz contra as injustiças e desmandos da sua aldeia e do mundo.

Analisando sua obra dividi-a em três importantes partes:
A da poesia xucra, campeira, das coisas do dia a dia que não conseguimos notar e com ele enxergamos...
Depois levantou bandeiras sendo a voz dos excluídos que estavam ao nosso lado e não havíamos notados...
Mais adiante, quando o peso dos anos foi iluminando o entendimento, procurou na filosofia gaudéria, descobrir o sentido da vida e do mundo. Passou a ser uma Tocha acessa iluminando o caminho para nós que viemos atrás, tropeçando na escuridão. Nesta fase ele passou a ser universal.
Veja aqui essa divisão melhor explicada:
https://viniciusribeiroescultor.blogspot.com/2021/01/as-tres-fases-da-obra-de-jayme-caetano.html


 
É considerado pelo meio tradicionalista, como referência gauchesca da essência rio-grandense.
Deixou sua obra imortalizada em vários livros e discos.


Biografia

Livros: 

- Galpão de Estância (1954) (Gráfica A Notícia de SLG, veja no final informações)
- De Fogão em Fogão (1958)(Editora La Salle-Coleção 3 Chirus)
- Potreiro de Guaxos (1965)(Editora Champagnat)
- Bota de Garrão(1966) e (1979 Editora Sulina)
Vocabulário Pampeano – Pátria, Fogões e Legendas (1º Volume 1973-sem editora) e 1ª Edição completa (1987)(Editora EDIGAL)
- Brasil Grande do Sul (1986)(Editora Sulina)
- Paisagens Perdidas (1987)(Editora Sulina)
- Payador e Troveiro (1990)(Editora Tchê)
- Antologia Poética: 50 anos de poesia (1996)(Editora Martins Livreiro)
- Payada e Cantares(obs: Obra póstuma, resgate do acervo de Jayme)(2003)(Editora Martins Livreiro)

Obs: Fotos dos livros, final desta postagem.



Discos:

- Payador, Pampa e Guitarra de Noel Guarany (convidado especial) (1976)
- Payador (1983)
- A volta do payador (1984)
- Troncos Missioneiros (juntamente com Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro       Ortaça) (1988)(Gravadora DISCOTECA PRODUÇÕES)
- Sangue Missioneiro(vários artistas das Missões)(1991)(Gravadora CID)
- Poemas Gaúchos (1993)
- Payadas (1993)
- Paisagens Perdidas (1994)
- Jayme Caetano Braun (1996)
- Acervo Gaúcho (1998)
- Êxitos 1 (1999)
- Êxitos 2 (2000)
- Payada, Memória & Tempo (2006)(obs:Resgate do acervo de Jayme)
- Payada, Memória & Tempo Vol. 2 (2008)(obs:Resgate do acervo de Jayme)
- Payada, Memória & Tempo Vol. 3 (2009)(obs:Resgate do acervo de Jayme)
- A volta do Farrapo (2010)(obs:Resgate do acervo de Jayme)


Histórico

Nome completo: Jayme Guilherme Caetano Braun

Nome mãe: Euclides Ramos Caetano Braun

Nome pai: João Aloysio Thiesen Braun

Avós maternos: Aníbal Antônio Souza Caetano e Florinda do Amaral Ramos Caetano

Avós paternos: Jacob Braun e Guilhermina Thiesen Braun

Nascido em 30 de Janeiro de 1924 às 8:30 na fazenda Santa Catarina de seus avós maternos (Aníbal Caetano e Florinda Ramos), situada na localidade da Timbaúva (3° Distrito de São Luiz Gonzaga), atualmente faz parte do município da Bossoroca-"Buena Terra Missioneira".



N
a época Bossoroca também fazia parte da grande área do  distrito SLG, porém com o nome de Igrejinha ou Capão da União ou Vila dos Cata-Ventos. 







A fazenda onde Jayme nasceu, fica 40 km distante de São Luiz Gonzaga e 30 km da Bossoroca.











Irmãos
Maria Florinda, Terezinha, Judite, Zélia, Pedro Canísio e Eurica(filha adotiva) (Jayme foi o 2° filho do casal Braun).Veja fotos mais abaixo.




Foto pais do Jayme:
Sr. João Aloysio Braun e D. Euclides Ramos Caetano


 

Pais:

Era filho do casal João Aloysio Thiesen Braun e Euclides Ramos Caetano(Dona Quida).












                     
João Aloysio Theisen Braun


Seu pai era filho de descendentes alemães, nascido em São Leopoldo-RS, professor formado em 1917, quando foi nomeado para São Luiz Gonzaga-RS, onde lecionou no Colégio Elementar Pinheiro Machado, no qual foi diretor por quase vinte anos; respeitado nas comunidades por onde passou. Foi diretor da escola em Cruz Alta-RS, depois delegado de ensino em Santa Cruz do Sul-RS e por fim delegado de educação em Passo Fundo-RS até 1942. Ao aposentar-se foi morar com a família em Cruz Alta. Morreu em 1956. Seus restos mortais estão na Cripta da Catedral Metropolitana de Porto Alegre-RS.(informações sobre seu João Aloysio Braun: fonte livro Biografias Personalidades do Século-Jornal A notícia-SLG-2000)
















           
                    
Euclides Ramos Caetano(Quida)





Sua mãe era filha de família tradicional pecuarista, da localidade chamada Timbaúva (Antigo 3° Distrito de São Luiz Gonzaga, hoje município da Bossoroca-RS). Seu Pai Anibal Antônio Caetano (nasc.1863, mort.1935) e sua mãe Florinda do Amaral Ramos Caetano(nasc. 20/07/1872 e mort. 10/08/1932) tiveram os seguintes filhos: Victória, Modesto, Saul, João Manoel,  Castorina, Judite, Euclides,  
Araci(Cicy) e Antônio Caetano Sobrinho(Nico Caetano).



S
obre seu pai, Jayme descreve a grande admiração que sentia por ele na emocionante poesia “Oferta” (Livro: De Fogão em Fogão 1958). Ela foi musicada por José Mendes e mais tarde por Oswaldir e Carlos Magrão(com o nome: Prece)
Jayme com seu pai em 1926


" E se não fui nem a sombra
Do que foste, velho Santo,
Uma coisa te garanto
Sempre me orgulhei de ti!
Pois contigo eu aprendi
O que é honra e coração
E esta chucra devoção 
Pelo Pago onde nasci!"






A Origem poética de Jayme:

Florinda Ramos Caetano e Anibal Antônio Caetano
-avós maternos de Jayme.

Foi da família de sua mãe, que Jayme herdou a veia poética, precisamente da Família Ramos; sua avó materna Florinda Ramos Caetano, irmã do poeta e coronel revolucionário Laurindo Silveira Ramos, fazia versos de improviso(como todos os demais da família) e recitava seus poemas no ambiente familiar criando forte estrutura poética que Jayme veio a conviver e herdar mais tarde. Esta tradição centenária da família Ramos, onde fazer versos é algo natural, como respirar, veio com seus patriarcas: o casal João e Victória Silveira Ramos(bisavós do Jayme por parte de mãe). Eu sei muito bem pois meu avô Anajande Ramos Ribeiro era da família e conquistou minha avó Vidalvina Antunes Medeiros, com seus versos, isto dito por ela, que tinha outro pretendente mas os versos a conquistaram...
Para melhor exemplificar a qualidade poética da família Ramos e de certa maneira, a responsabilidade que Jayme teve em seguir os passos no mesmo nível poético, deixo aqui uma das poesias do seu tio-avô Laurindo Silveira Ramos:





Quer saber mais sobre Laurindo Da Silveira Ramos e sua influência na vida de Jayme? Clique aqui:


O casal João e Victória Ramos tiveram os seguintes filhos: Liberato, Laurindo(pai de Danton e Ruy Ramos), Fernando, Manoel Barroso, Manoel Ozório, João Manoel, Florinda(avó materna do Jayme), Brandina, Antônia, Florisbela(minha bisavó paterna) e Carolina. 
Esta foi a primeira turma de poetas da família Ramos.
Da segunda turma destaco Ruy Victorino Ramos, poeta, político e tribuno. 
Jayme é da terceira turma de poetas da família, assim como suas primas Gelsa Ramos Morais e Danci Caetano Ramos.
Me contou, dona "Gelsinha", que a bisavó dela Victória Ramos (bisavó do Jayme e minha trisavó)  sempre falava rimando, a toda hora; que era pequenina e "tinhosa de criativa". Dito também em entrevista RBS TV. Veja abaixo:



Quer saber mais sobre essa fazenda ao qual eu chamo de: "Uma das nascentes da poesia crioula do Rio Grande"? 

E aqui:




Nascimento:

O casal João Aloysio e Euclides, após casarem em São Luiz Gonzaga-RS, no ano de 1920, passaram a residir na Avenida Senador Pinheiro Machado n° 1934 em frente à antiga Praça da Lagoa (Atual Praça Cícero Cavalheiro) no endereço onde existe hoje a Casa da Alface, na época propriedade do avós maternos de Jayme, sr. Anibal Caetano e Florinda Ramos Caetano. Nesta casa sua mãe ficou até o sétimo mês, para então rumar para a fazenda na Timbaúva!


Casa onde Jayme viveu dos 40 dias após seu nascimento até os 14 anos de idade.(foto tirada em 2007)
Fica localizada na av. Senador Pinheiro Machado, nº 1934 esquina com a rua Padre Miguel Fernandez, ao lado da Praça Expedicionário Cícero Cavalheiro na cidade São Luiz Gonzaga.








Foto cortesia Luis dos Santos Ribeiro


















O PARTO:
Em dezembro de 1923 o casal Braun, rumou para a Timbaúva, para a fazenda Santa Catarina, propriedade dos avós maternos do Jayme: Aníbal e Florinda.
Naquela ida havia um motivo maior do que a tradicional viagem das férias escolares do prof. João Aloysio Braun: "a parteira"(informação passada pela d. Gelsa Ramos de Morais).Naquela época as crianças nasciam por parteiras e em casa. Nada mais reconfortante para uma gestante do que ter uma pessoa ao lado que transmita confiança e experiência. 
Dona Euclides, grávida do segundo filho(já tinha a menina: Maria Florinda), confiava muito na parteira daquela localidade: Dona Antônia.
Por este motivo, o casal, mesmo morando no centro da cidade de São Luiz, ruma para a fazenda e aguardam a natureza dar seus sinais...


Foto cortesia Luis dos Santos Ribeiro

 
Meu avô paterno Anajande Ramos Ribeiro(primo-irmão de Dona Euclides) que morava na fazenda, foi quem chamou as pressas a parteira no seu cavalo "Pimenta"(informação dada por minha avó Vidalvina Antunes Ribeiro).












Casa onde Jayme nasceu(meus arquivos 2007)

O
Poeta Maior: 
Jayme Caetano Braun, veio ao mundo em 30 de janeiro de 1924. Nasceu num quarto junto à sala, por intermédio da prestativa parteira Dona Antônia. 


janela quarto onde Jayme nasceu


      
Permanecendo na fazenda durante todo o período de resguardo(40 dias sem sair do quarto) até o retorno de sua mãe para a casa em São Luiz.




vista do quarto(foto de 2007)





Poucos dias após seu nascimento, em 07 de Fevereiro de 1924, Jayme foi registrado no posto designado no 3° Distrito de São Luiz Gonzaga. No documento consta como declarante o Senhor Anajande Ramos Ribeiro(meu avô) e que o casal Braun era domiciliado em São Luiz Gonzaga,  estavam a passeio no Distrito. Meu avô foi de cavalo(ver foto anexo) da fazenda Santa Catarina(Timbaúva) até o posto do cartório designado(Bossoroca), cerca de 30 km de distancia. Foi a pedido do Sr. João Aloysio Braun, pois este, sendo professor estadual, já havia retornado para São Luiz Gonzaga devido aos preparativos para o retorno das aulas.

Ver registro nascimento Jayme no final desta postagem!


Além do Jayme, o casal João Aloysio e Euclides tiveram os seguintes filhos:

1º)Maria Florinda Caetano Braun(Noronha)
2º)Jayme Caetano Braun
3º)Terezinha Caetano Braun(Muller)
4º)Judith Caetano Braun(Oliveira)
5º)Zélia Caetano Braun
6º)Pedro Canísio Braun
E adotaram uma menina: 
7º)Eurica Almeida, que era a mais velha de todos.


Infância:

Jayme(menor), Maria Florinda esq. e Eurica(atrás)



Cresceu o menino nas imediações da Praça da Lagoa(praça da Bandeira e atual Praça Expedicionário Cícero Cavalheiro), local onde antigamente existia uma lagoa, fruto da olaria da redução missioneira de "São Luis"(1687), de onde tiravam o barro para as telhas e tijolos da redução. 
Jayme morou nessa casa até os seus 14 anos.
 



Foto da casa onde Jayme cresceu(tirada em 2010) na cavalgada em homenagem ao dia do Pajador 30 janeiro 2010. Nela seu Nelson Morais(CTG Galpão de Estância) recebe a chama crioula da Sra. Florinda Caetano Braga(prima-irmã do Jayme)



Primeira comunhão Jayme em São Luiz Gonzaga, nov. 1933, com 09 anos(quase 10).Gentileza do saudoso amigo e pesquisar da obra do Jayme: Hilton Araldi de Passo Fundo-RS.




A missioneira São Luiz Gonzaga com sua riqueza histórica aos poucos ia sendo descoberta pelo olhar atento do pequeno poeta.
Desde tenra idade conviveu com a vida rural e esse convívio foi armazenando na alma do futuro pajador, um riquíssimo conteúdo emotivo que serviu de espinha dorsal para suas poesias.
Nas férias escolares de inverno e verão seguia rumo à Timbaúva, para a fazenda Santa Terezinha(do seu tio Danton Ramos) e também para a fazenda Santa Catarina(do seu avô materno) distantes 3,5 km uma da outra.
Apesar de ser "férias", ele entrava no serviço como todo mundo e sinceramente era o que ele mais aguardava no ano.
Esse convívio com as fazendas, que procurou manter a vida toda, acima de tudo, deu conhecimento de causa nos seus versos. 
Sua mensagem transmitia verdade porque as coisas do campo não lhe eram estranhas. 

Veja aqui sobre essas duas importantes fazendas na vida do Jayme!


O trajeto de São Luiz até a Timbaúva era sempre o mesmo ou seja: pela estrada velha que ia para antiga Vila Treze(atual Santo Antônio das Missões), cruzando pela ponte do Rio Piratini(linda ponte inglesa de ferro, que era para São Luiz do Maranhão e o conterrâneo Sen.Pinheiro Machado achou melhor "trazer" para São Luiz Gonzaga...). Houve épocas que a ponte ficou desativada por um período devido a forças revolucionárias terem queimado as pranchas de tábua do assoalho.
Essa mesma ponte Jayme "imortalizou" na poesia do Tio Anastácio.



Adolescência:

A família Braun, devido à transferência de Sr. João Aloysio, mudou-se para Cruz Alta-RS em 1938 onde sr. João foi diretor da escola G.E. Margarida Pardelhas. Na data Jayme, contava com 14 anos de idade, quando saiu de São Luiz Gonzaga e sua mãe estava grávida do seu último filho Pedro Canísio Braun(que nasceu em Cruz Alta).



Escola Margarida Pardelhas-Cruz Alta-RS
onde Jayme estudou e seu pai foi Diretor em 1938
(foto- blog do Eddy)



 Time futebol Cruz Alta em 29/11/1938, Jayme última fila, 3º da esq. para direita. Foto cortesia Hilton Araldi.








Em 1939 mudaram de Cruz Alta para Santa Cruz do Sul-RS, com o Senhor Aloysio Braun sendo delegado de ensino.

Histórico Jayme quando estudou em 1939 em Cruz Alta.
Cortesia Hilton Araldi.



De 1940 até 1942, seu pai assumiu cargo de delegado de ensino em Passo Fundo-RS até aposentar-se.

Após isso, retornaram para Cruz Alta, lá seu pai faleceu em 1956.


Jayme Caetano Braun-escola em Passo Fundo.1ª fila, 6º da esq. para direita.
Cortesia família Nico Caetano.





Após a morte de seu pai a família passou a residir em Porto Alegre.


Jayme indo para Porto Alegre. Cortesia d. Gelsa Ramos de Morais




Em Porto Alegre, Jayme estudou na Colégio Estadual Julio de Castilhos(Julinho) em 1942 e parte de 1943(dito pelo mesmo em entrevista ao radialista Glênio Reis) o referente ao início do ensino médio(2º grau), desistiu dos estudos por não ser o que queria e retorna para São Luiz Gonzaga em 1943(aos 19 anos), indo  morar na fazenda Santa Terezinha(Timbaúva) de propriedade de seu primo/tio Danton Victorino Ramos, a quem considerava como seu segundo pai. 

Jayme com sr. Luiz Queiroz.
05/09/1943, rua da Praia-Porto Alegre-RS. 
Foto acervo Aurora Ramos Braun
gentileza: prof. José Francisco Alves








Jayme(esq.) com José Morais(dir.)fazenda Timbaúva, cada um com
revolver Nagant 44(presente seu Danton)foto cortesia Gelsa Ramos de Morais



Jayme na faz. Stª. Terezinha(Danton Ramos) Timbaúva
foto cortesia Gelsa Ramos de Morais




Veja o improviso que disse Jayme sobre seu Danton no lançamento do livro "Troncos e Ramos" da sua prima Danci Ramos(filha do Danton) em 30 de maio de 1996.


"Eu que tive um pai sagrado,
Vim encontrar nesse tio
Quem definisse o feitio 
Do meu destino traçado.
Porque encontrei a seu lado
Alguém que apontou meu trilho
E compreendi que o caudilho
Na sua imensa pureza
Compreendia com nobreza
Que havia encontrado um filho..."


Danton Ramos era primo irmão de dona Euclides(mãe do Jayme) e era casado com Aracy Caetano Ramos(Cecy) irmã de dona Euclides(ou seja Danton e Cecy eram primos, casamento de primos era algo comum naquela época), por isso seu Danton era primo e tio ao mesmo tempo de Jayme.
Ficou morando e trabalhando na fazenda até sair para casar.

Jayme foi morar na fazenda Santa Terezinha em 1943, e só saiu para casar, em 1947, com Nilda Aquino Jardim. 
Veja aqui ele contando a saída dele de Porto Alegre na entrevista ao Glênio Reis:



Jayme, com seus pais e irmãos. Eurica não estava presente no dia da foto(já era casada). Cortesia Gelsa Ramos de Morais.


                                                                         






Foto cortesia Adriana Braun(filha de Pedro Canísio Braun)




Foto cortesia Adriana Braun(filha de Pedro Canísio Braun)







Casamento:

Jayme, casou-se com Nilda Aquino Jardim, filha de Rivadavia Romero Jardim e Faustina Aquino Jardim, no dia 20 de dezembro de 1947.

Sogro do Jayme
dono fazenda Piraju
presidente ACI-SLG 1950



Passou a morar na fazenda Piraju(localizada entre a cidade de São Luiz e o distrito Serrinha) de propriedade de seu sogro, permanecendo lá o período da Lua de Mel e pouco tempo mais... 
Devido a seu temperamento forte e determinado, Jayme teve desentendimento com o capataz, com relação
 aos métodos adotados nas lidas da fazenda.
Jayme tinha seu sistema contrário em algumas coisas ao do capataz.




Seu sogro, sr. Rivadávia, gostava demais do sistema do capataz e diante do impasse, preferiu "mantê-lo"...
A localização da fazenda é essa(10 km da cidade de São Luiz e 4 km do distrito da Serrinha): https://maps.app.goo.gl/23qPdigoBuHXyhkQ9


Local da Fazenda Pirajú, na época do sogro do Jayme.
Atualmente de Gabriel Perciúncula(gaiteiro grupo Mano Lima)



Jayme resolveu então sair da fazenda, para morar, na Serrinha (na época, Vila Distrito de São Luiz Gonzaga, hoje faz parte do município do Rolador), naquela localidade abriu um autêntico "bolicho de campanha" (teve para isso a ajuda financeira do sogro e de seu tio Danton Ramos) onde ocorriam rodadas de poesia e música até tarde da noite, o local passou a ser ponto de encontro cultural do vilarejo.
O recém casal Jayme e Nilda, moravam nos fundos do bolicho, sem muito conforto... 

Veja aqui no mapa, local da vila onde era o bolicho do Jayme:



E
stas importantes informações(citadas acima) recebi do
Sr. Ataliba dos Santos filho do capataz e que foi morar com Jayme e D. Nilda ajudando no bolicho.
A saída da fazenda não foi por mágoas, pois o próprio capataz autorizou o Jayme levar seu filho para ajudá-lo.

Sobre as tertúlias no bolicho, o Sr. Ataliba(que na época era rapazote de 12 anos) contou o seguinte: “O Jayme quando inspirado ficava, às vezes, olhando para um palito de fósforo entre os dedos (com som de violão sendo dedilhado ao fundo) e os versos brotavam magicamente”.






casa Jayme morou aluguel em SLG, após bolicho Serrinha
(obs: visão atual, diferente da época)










Jayme permaneceu “bolicheando” por poucos meses, até falir(faliu o bolicho devido a sua visão mais artística do que comercial), depois, em 1948 mesmo, passou a residir na cidade (São Luiz Gonzaga) na Rua Marechal Floriano (fundos hospital de caridade SLG ) ali nasceram seus dois filhos com dona Nilda: Marco Antonio Jardim Braun e José Raymundo Jardim Braun.






Vida profissional, artística e política:

Após sua experiência como bolicheiro, Jayme
, começou  a trabalhar em 1950 no programa da recente Rádio São Luiz(fundada em 1º outubro 1949), patrocinado pelos parentes Danton e Ruy Ramos, foi uma aposta no arte do Jayme naquilo que seria uma preparação política do velho PTB para a futura campanha que se aproximava, não só para a 1ª campanha a deputado federal de Ruy Ramos, mas principalmente para a volta de Getùlio Vargas em 1950. 

Ruy Ramos em  uma das suas visitas ao autoexílio de
Getúlio Vargas em São Borja-1950.


O programa foi um sucesso tão grande que existe até hoje. Sendo uma escola para Jayme, que lhe ajudou anos mais tarde quando trabalhou na rádio Guaiba no programa:"Brasil Grande do Sul"(veja abaixo mais informações).
Além do programa na rádio São Luiz, Jayme participou como declamador oficial naquela campanha política, declamando poesias próprias e fazendo versos de improviso(na época, seus versos não eram em décimas).
  
Na campanha politica de 1950(da volta de Getúlio Vargas), Jayme se apresentava em dupla com o grande trovador "Garoto de Ouro"(ao qual Jayme tinha muita admiração)iam na carroceria do caminhão do sr. Beto Andrade fazendo versos de improviso nos locais por onde passavam(informação passada pelo poeta, sr. Amauri Beltrão de Castro que presenciou).
Jayme com "Garoto de Ouro" Vicente Ribeiro,
improvisando versos na "Rádio São Luiz" 1950
foto cortesia Prof. José Francisco Alves






Garoto de Ouro- Vicente Ribeiro nasceu antiga Vila Treze, São Borja
(hoje Santo Antônio das Missões).
Veio pequeno para São Luiz Gonzaga(onde nasceram seus irmãos)
Morreu aos 47 anos em acidente em Goiás.
Foi ele que em 14 de agosto de 1949 fez a primeira apresentação artística na recém inaugurada "Rádio São Luiz" em São Luiz Gonzaga-RS


Garoto de Ouro- famoso trovador que fez parceria com Jayme na campanha
presidencial de Getúlio Vargas em 1950.

Garoto de Ouro, participando do filme:" As 7 provas" de Teixeirinha.

Garoto de Ouro em dupla com Ariovaldo.





Outro panfleto raro, demonstrando a abrangência do Garoto de Ouro
naquela época. Aqui fazendo apresentações pelo Brasil, com o "Caipira Batista".



Na campanha de 1950, Jayme declamava em homenagem a Getúlio Vargas, o  poema “O Petiço de São Borja”, sendo seus versos publicados na revista Cruzeiro(revista de maior abrangência nacional) e em outras revistas e jornais do país.

Já para a 1ª campanha a deputado federal de seu primo: Ruy Ramos(primo irmão da mãe do Jayme, ao qual ele considerava como um tio) compôs o poema “O Mouro do Alegrete”.




Poema do Jayme: Mouro do Alegrete
foto cortesia sr. José Morais

Para saber mais sobre Ruy Ramos, essa importante figura na vida de Jayme Caetano Braun e da defesa da Legalidade Constitucional da nação, clique aqui:

Nos anos seguintes, Jayme participou nas campanhas de Leonel Brizola, João Goulart e Egídio Michaelsen, onde esteve nos comícios como declamador e improvisador(vide explicações no seu livro: "50 Anos de Poesia")



O programa "Galpão de Estância":

É o mais tradicional da história da rádio São Luiz.

Dangremon Flores, Darci Fagundes e Jayme nos estúdios da rádio São Luiz
gravando o programa Galpão de Estância. Foto cortesia prof. José Francisco Alves

Criado em 1950, o programa “Galpão de Estância” (atualmente a cargo de Alcides Figueiredo) era apresentado pelo Jayme juntamente com Dangremon Flores e Darci Fagundes, aos domingos às 11:30 da manhã.
Deste nome veio a surgir depois, o primeiro CTG em São Luiz Gonzaga chamado "CTG Galpão de Estância", um dos mais antigos do estado. 
O CTG foi fundado em 24 junho de 1954 e mesmo residindo em Porto Alegre,  Jayme foi um dos seus fundadores, com seu tio materno Antônio Caetano Sobrinho(Nico Caetano) sendo o primeiro patrão.
 

Jayme(6º da esq. para dir.) no CTG Galpão de Estância- SLG-RS

.





Jayme improvisando versos em uma de suas visitas no CTG Galpão de Estância-
foto cortesia prof. José Francisco Alves


A ida para a Capital dos Gaúchos:

Foi graças ao convite de Ruy Ramos, que em boa hora, convenceu(arrastou) Jayme para morar em Porto Alegre, onde conseguiu para ele emprego de auxiliar de farmácia. 
O casal, que estava em situação financeira bem delicada em São Luiz Gonzaga, partiu com os dois filhos pequenos, em direção à capital dos Gaúchos em 1951, em busca de novos horizontes.
Jayme passou a receber salário pela primeira vez na vida, como funcionário na farmácia do IPASE (Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado) que apesar do nome: era órgão federal; depois passou a ser auxiliar da tesouraria do mesmo IPASE; anos mais tarde, a convite do amigo e gov. Leonel Brizola atuou como diretor da Biblioteca do estado RS, entre 1959 a 1963, após isso, retornou à tesouraria IPASE e anos mais tarde conseguiu transferência para o IAPAS(antigo Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, hoje atual INSS) como fiscal da previdência, onde ficou até se aposentar.
Obs: esse passo a passo de funcionário público na capital, está bem explicado no cap. 09 do livro "O grande Payador" do saudoso sr. Nei Fagundes Machado, que foi seu colega de IPASE.


Jayme e a introdução à Décima Espinela da Payada(Pajada):

Ele foi apresentado para o estilo da décima espinela(versos de dez linhas), pelo poeta e pajador uruguaio Sandálio Santos em 1958. 
Esta é a estrutura clássica usada nos versos da "payada da pampa gaucha".
Sobre este tema, que acredito seja primordial na vida artística do Jayme, dediquei uma postagem que precisa ser vista:
https://viniciusribeiroescultor.blogspot.com/2021/06/pajada-tem-que-ter-estilo.html


Jayme e a política:

Como citado acima, Jayme participou de comícios políticos daqueles ao qual admirava como Ruy Ramos, Getúlio Vargas(campanha de 1950) e outros já falado aqui.
Ele também se lançou como candidato.
Incentivado e apoiado por Ruy Ramos concorreu a deputado estadual pelo PTB no ano de 1962, não alcançando votação suficiente. 
Jayme na campanha política a dep. estadual!
 Ao seu lado, Ruy Ramos, dep. Federal-RS



Esta passagem política trouxe mágoas que o acompanharam por muito tempo (vide poema abaixo "Bilhete a João Vargas"). A política é um jogo complexo, quis o bom destino, que ele não fosse eleito; sorte para nós admiradores da sua arte, pois dificilmente seria o expoente poético que foi, se seguisse o caminho político.

Panfleto campanha 1962
cortesia prof. José Francisco Alves






votação Jayme campanha 1962



Jayme improvisando versos na campanha de 1962
foto acervo Aurora Ramos Braun
gentileza prof. José Francisco Alves





Jayme Radialista:

Além do programa já citado na Rádio São Luiz em 1950, Jayme teve outro(que foi o mais famoso) chamado: "Brasil Grande do Sul"programa radiofônico semanal(aos sábados) na Rádio Guaíbainiciou em 1973 e  durou 15 anos. Com muito sucesso. 
Neste programa, teve acompanhamento ao violão de Noel Guarany, Amauri Beltrão de Castro e Pedro Ortaça(este foi o que mais participou do programa).
Foi lançado três discos com acervos raros do programa, chama-se: "Jayme Caetano Braun-Payada, Memória e Tempo" volumes 01, 02 e 03.
Há material para muitos mais outros, pois de acordo com o próprio Jayme em entrevista para o radialista Glênio Reis, ele tinha mais de 900 fitas k7 com gravações do programa no seu acervo.




Os direitos autorais de seus vários livros e discos serviram apenas como complemento de renda, pois o poeta, como muitos que trabalham com a arte, enriqueceu mais a alma do que os bolsos.



Segundo Casamento:

Separou-se de sua 1° esposa Sra. Nilda Jardim em 11/07/88 divorciando-se em 26/06/95.
Casou-se com Sra. Aurora de Souza Ramos (Bréa) em 1° de setembro de 1995 na cidade de Porto Alegre. Teve um enteado: Marcelo Bianchi; da união com Aurora Ramos teve um filho: Cristiano Ramos Braun.



Saúde:

A sua saúde foi abalada em muitas situações: quatro pontes de safena, angústias inerentes a todo poeta e algumas desilusões...
Várias situações no decorrer de sua emotiva existência colaboraram para o surgimento de seus problemas de saúde: 

No início, após suas primeiras publicações, enfrentou o desestímulo (por parte de alguns), sendo um adversário forte a ser superado(veja poesia "Meu Canto").
Nem tudo foram flores para o poeta até ele encontrar reconhecimento...
Mas o amor pela arte fez a diferença na sua estrada. Ele viveu uma vida inteira dedicada a poesia. 
Fez dela algo sagrado como um templo onde ele era o sacerdote.
Com o passar do tempo, superou o pouco caso que faziam de sua obra, assim como as críticas "acadêmicas" que recebeu no correr da sua trajetória, pelo seu estilo nativo.  
Outro fator foi a decepção no pleito da candidatura a deputado estadual em 1959 quando sua mensagem não foi compreendida pelo seu próprio povo, teve uma votação pífia(antepenúltimo colocado), graças a Deus, pois provavelmente o Rio Grande perderia muito da sua poesia caso ele fosse eleito... Sobre esse fato, da campanha fracassada, ele mesmo diz na poesia feita ao seu grande amigo João da Cunha Vargas de título "Bilhete ao João Vargas do Alegrete."

Abaixo trecho dela:

“Bilhete ao João Vargas"
...Fiz o que o gaúcho faz,
Sem admitir pretexto
E fui – como gato a cabresto,
“Só nas patinhas de trás”,
Tu sabes – na santa paz
Que o gaúcho não morreu,
Mas na terra onde nasceu
-Até periga a verdade,
Quando eu gritei: Liberdade!
Só o eco me respondeu... ”

  (Ver no final desta postagem os poemas inteiros!)

E por fim, talvez o que mais tenha despedaçado o coração do pajador, tenha sido a dor pela perda de seu filho primogênito, Marco Antônio Jardim Braun, aos 30 e poucos anos de idade por abalos no sistema nervoso. Acredito que seja essa, a maior dor para um pai...



Morte:
Faleceu no dia 8 de julho de 1999 às 5 horas e 30 minutos, aos 75 anos de idade, na clínica São José em Porto Alegre, vítima de complicações cardiovasculares. O corpo foi velado às 17 horas no Salão Nobre Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini, sede do governo estadual gaúcho; foi enterrado no cemitério João XXIII em Porto Alegre.



Curiosidades:
(algumas das entrevistas que fiz e outras retiradas dos jornais que prestaram homenagens no dia de sua morte)


- Me contaram, seu Juca e dona Gelsa Ramos, que na infância, juventude e também na maturidade, Jayme (sempre que possível) passava as férias nas fazendas de seu avô Aníbal Caetano ou de seu tio Danton Ramos(próximas uma da outra) na localidade da Timbaúva.

- Pelo curiosidade que sempre teve com as plantas e chás medicinais e pelo conhecimento adquirido ao trabalhar anos na farmácia do IPASE(Instituto de Previdência e Assistência do Servidores do Estado) tornou-se um estudioso em remédios
Dizia: "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curandeiro". 
Manifestou seu sonho antigo em fazer medicina em entrevista na rádio Gaúcha(Glênio Reis), mas fez apenas o início do que hoje seria o ensino médio. 



- Seu primeiro poema publicado no jornal A Notícia(SLG) foi na data de 10 de janeiro de 1942(pesquisa realizada por Irene Gomes do Instituto Histórico de São Luiz Gonzaga). Com o título "Ao prezado Monsenhor Wolski" (veja abaixo):

Edição A Notícia de 1 e 2 março 2024
Republicando poema de 10 janeiro 1942



- Sobre a primeira edição do seu primeiro livro:
Seu primeiro livro Galpão de Estância , foi produzido em 1954 pela Gráfica Porto Seguro, pertencente ao Jornal A Notícia de São Luiz Gonzaga-RS. 
Há uma história bonita dessa primeira edição, publicada no livro "Centenário de José Grisólia" (2010-autoria de José Grisólia Filho) 



Que conta a seguinte passagem: Após vários poemas publicados no jornal, surgiu a necessidade do Jayme ter seu livro e o fundador e proprietário do jornal, sr José Grisólia abraçou a confecção do mesmo, fazendo contrato com o Jayme, onde o jornal se responsabilizou pelos custos da publicação e pela distribuição da obra em todo estado. O artista não teve despesas e coube a ele a participação dos lucros. Para a distribuição da obra em todo o estado, o jornal A notícia designou seu colaborador Ires Cruche Ramos para percorrer as cidades por trem e ônibus. Com este livro surgiu então, o novo empreendimento do sr. José Grisólia: A Gráfica Porto Seguro(que mais parte passou a se chamar Gráfica A notícia).
Três fatos interessantes dessa história: 
)Mesmo no início de carreira poética, Jayme foi o primeiro autor e único que teve esse tratamento de estrela literária pela gráfica do jornal A notícia, onde não teve despesas para a publicação e participou dos lucros da venda.
) A primeira edição é sem dúvidas um dos livros mais raros da poesia gauchesca, difícil quem tenha um exemplar(vide foto abaixo) a segunda edição também publicado pela Gráfica Porto Seguro(jornal A Notícia-SLG) é outro livro raríssimo. Talvez seja mais raro que a primeira...
) O sr. Ires Cruche Ramos era primo da mãe do Jayme, Euclides Ramos e também do meu avô Anajande Ramos Ribeiro. 

Capa 1ª edição livro "Galpão de Estância"
Acervo José Gomes-gentileza Irene Gomes




Acervo José Gomes-
gentileza Irene Gomes





Capa da segunda edição do livro "Galpão de Estância"
também feito pela Gráfica porto Seguro(Jornal A Notícia)
de São Luiz Gonzaga.Foto site Livraria Traça 



Editora Gráfica Porto Seguro(A Notícia-SLG)
foto recorte site Livraria Traça




Livro "De Fogão em Fogão"
1958 Editora La Salle(coleção 3 Chirus)



1ª Edição "Potreiro de Guaxos" 1965
Editora Champagnat






Aqui a capa da 2ª edição "Potreiro dos Guaxos"
Editora Martins Livreiro 1969
Que traz o prefácio do grande poeta ao qual Jayme era admirador
 Balbino Marques da Rocha.


Capa "Vocabulário Pampeano 1º Volume"
1973 -sem editora



Assinatura Jayme com data
15/05/73



























"Brasil Grande do Sul"- Editora Sulina-2ª edição 1986






Capa 1ª edição completa "Vocabulário Pampeano"
Editora EDIGAL 1987


"Payador e Troveiro"(1990) (Editora Tchê)




"Antologia Poética" 50 anos de poesia (1996) (Editora Martins Livreiro)







"Payada e Cantares"(obs: Obra póstuma, resgate do acervo de Jayme)
(2003)(Editora Martins Livreiro)




- Seus ídolos na poesia foram: Laurindo Ramos (tio avô); Aureliano de Figueiredo Pinto; Juca Ruivo(para o qual Jayme fez uma bonita poesia); Balbino Marques da Rocha; João Vargas do Alegrete; Vargas Netto e os insuperáveis Atahualpa Yupanqui e José Hernandez (Martin Fierro).

fotocópia capa livro tio avô do Jayme
Cel.Laurindo Ramos-1926 Editado pela Livraria do Globo.
Primeiro da família a publicar livro de poesia
trecho do livro Laurindo Ramos
Poesia Laurindo Ramos em homenagem
a São Luiz Gonzaga.















Para saber mais sobre o pioneiro da família a publicar livro de poesia: Laurindo Ramos(tio avô do Jayme e meu tio-bisavô), favor clicar aqui:https://viniciusribeiroescultor.blogspot.com/2008/12/um-dos-inspiradores-de-jayme-caetano.html


-RARIDADE
O primeiro verso do Jayme, que se tem conhecimento,  foi para seu tio Danton Victorino Ramos ao qual ele tinha admiração como um segundo pai. Foi contado a mim pelo seu Juca Ramos(filho de Danton e primo irmão do Jayme). Ele tinha dez anos de idade e foi mais ou menos assim: 
                     "Quem é esse moço moreno
                      boa bota e boa bombacha
                      que jamais fora vencido
                      e acho ninguém o vence
                      Danton Victorino Ramos
                      um gaúcho riograndense"

- Mesmo não se considerando um tradicionalista mas sim um "nativista" como gostava de dizer, Jayme passou a ser uma das maiores referências do meio.

-  Além de Poeta, declamador e pajador, Jayme foi radialista e funcionário público. Iniciou como radialista no programa Galpão de Estância da rádio São Luiz em 1950 e depois em 1973 no programa Brasil Grande do Sul na rádio Guaíba(Porto Alegre) durante 15 anos.
 
- Foi um dos fundadores do CTG Galpão de Estância de São Luiz Gonzaga em 24 junho de 1954, um dos Centro de Tradições Gaúchas mais antigos do estado.

- Foi um dos fundadores da Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniram no final dos anos 50, existente até hoje.


O famoso disco "Troncos Missioneiros":

- Considerado, juntamente com Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro Ortaça um dos “Troncos Missioneiros”, título dado pela gravadora "Discoteca Produções" e aceito pelos quatros, quando assinaram o contrato e gravaram em 1988 o LP "Troncos Missioneiros"(depois relançado em CD pela USA Discos).
O estilo musical que eles abraçavam, exaltava a rica história da região Missioneira na qual viviam e procuravam com sua arte divulgá-la. 
Essa maneira entusiasta de cantar defendendo sua terra, foi pioneira, fez estrada e seguidores no Rio Grande do Sul.

Capa LP 1988 "Gravadora Discoteca Produções"


contra capa-LP 1988 "Gravadora Discoteca Produções"





Lado "A" LP 1988 "Gravadora Discoteca Produções"







Lado "B" LP 1988 "Gravadora Discoteca Produções"




Mais tarde foi relançado pela Gravadora USA Discos:



Capa CD gravadora USA Discos


contra capa CD - USA Discos



O pouco conhecido LP Sangue Missioneiro:

Em 1991, a Gravadora CID, lançou um LP incluindo mais outros grandes artistas Missioneiros além dos quatros: Jayme, Noel, Cenair e Pedro Ortaça. 
Porém a repercussão lamentavelmente não surtiu o mesmo efeito do LP "Troncos Missioneiros"
Tanto é que muitos entendidos da música gauchesca, desconhecem essa obra espetacular. 
Com grandes nomes da música missioneira incluídos, como: 
Reduzino Malaquias, Luiz Carlos Borges, Jorge Guedes, João Máximo "Cruzeira", Waldomiro Maicá, Eurides Nunes...

Capa LP Sangue Missioneiro-Gravadora CID-1991



Contra capa Sangue Missioneiro-Gravadora CID-1991








Seção erros absurdos: 

-Erro absurdo nº 01)
Jayme fez medicina e jornalismo??
Ele não cursou medicina e nem jornalismo como alguns confundem(Jayme não cursou nenhuma faculdade!); desistiu dos estudos do Colégio Estadual Júlio de Castilhos(Julinho), fez apenas 1 ano e pouco(1942 e 1943) do que seria hoje o Ensino Médio atual.
Relato feito pelo mesmo no programa Sem Fronteiras da rádio Gaúcha apresentado pelo radialista Glênio Reis.(veja aqui: 
Jayme era filho ou neto de uma índia??
Sua mãe não era e nunca foi uma "chirua bugra"(não que isso vá denegrir alguém, o fato é que não é verdade), D. Euclides Ramos Caetano, era filha de produtores rurais da Timbaúva, descendente das famílias Rodrigues, Amaral, Silveira e Ramos, não há nenhum traço longínquo indígena nela. 
A avó do Jayme materna dona Florinda do Amaral Ramos Caetano(irmã da minha bisavó Florisbela)também não era indígena, a bisavó do Jayme a dona Victoria do Amaral Rodrigues Ramos muito menos...
Esta confusão originou-se da poesia "Payada das Missões" onde Jayme diz ser "Tetraneto de cacique, bisneto de curandeira,...".
Já pela família paterna nem  preciso falar nada, pois o sobrenome era:"Theisen Braun". Acredito que também não eram descendentes de indígenas... Só se for tribo de vikings, que desceram da Escandinávia para a Alemanha, em séculos passados...

-Erro absurdo nº 03)
Jayme serviu ao exército??
Jayme não serviu o exército como alguns pensam, ele tinha a dispensa do serviço militar. Completou 18 anos em 1942(época do alistamento), foi dispensado. E só foi retirar a famosa 3ª(documento de dispensa militar) em 1969 pois precisava. Veja documento logo abaixo.

-Erro absurdo nº 04)
Jayme era de classe alta? pequena classe burguesa??
Apesar de sua mãe ser filha de produtores rurais, Jayme nunca foi considerado classe abastada financeiramente. Seu pai era professor(quem é professor sabe o valor do salário) e sua mãe era dona de casa, só foi herdar uma pequena fração de terra(eram bastante irmãos) muitos anos após casar. 
Como ser de classe burguesa? Se Jayme ao casar foi morar de favor com o sogro na fazenda e depois num galpão atrás do Bolicho na Serrinha? E quando volta para São Luiz onde nasceram seus dois filhos, estava numa situação "brasina" financeiramente, no famoso "matando cachorro a grito"
O que salvou realmente o Jayme, foi Ruy Ramos arrastar ele para Porto Alegre, onde começou a trabalhar no IPASE, como auxiliar de farmácia e receber salário fixo pela primeira vez na vida.
O que confundem é que tanto pelo lado paterno como pelo lado materno, Jayme era sim "rico culturalmente", pois a família tinha uma bagagem cultural bem diferenciada para a época, liam muito e sobre tudo.

-Erro absurdo nº 05)
Jayme surgiu dos CTG's??
Jayme não era fruto do Centros de Tradições Gauchescas(CTG). Era anterior ao mesmo. Veja ele falando aqui: https://www.youtube.com/watch?v=sGxpP1H6gxA&t=601s
Na entrevista comenta do carinho e admiração pelos CTG's. E por questão de veracidade esclarece de que não surgiu poeticamente por causa do CTG, como disse um "desafeto" dele no jornal Zero hora(veja a entrevista).  
Fala também que foi fundador do CTG Galpão de Estância em São Luiz Gonzaga, nome dado em homenagem ao programa radialístico que Jayme tinha na rádio São Luiz.
Recebeu várias homenagens em vida com CTG batizados com seu nome. E falava com alegria dessas homenagens.
Apesar dele não se considerar tradicionalista e sim um "nativista/crioulista" é sem dúvida alguma, uma das maiores referências do tradicionalismo gaúcho. 


Seção "Queixo caído":

-Jayme "começou" seu canto de protesto por inspiração da Califórnia da Canção Nativa???
Ouvi isso e realmente não faz sentido, o festival da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana-RS é de 1971 e o Jayme desde seus primeiros poemas já falava dos excluídos, daqueles que não tinham voz! 
Vide a poesia "Tio Anastácio" de 1958 do livro "De fogão em Fogão", vide as poesias "Seu Esmilindro" "Órfão de Mãe Preta", "Tio Domingos" e "Ode às Missões e ao Índio Missioneiro" todas de 1965 do livro "Potreiro de Guaxos". Sem falar de muitas outras, com o mesmo apelo humanitário, que poderia citar aqui. 
Jayme gostava dos festivais, participou com suas composições, de centenas deles(dito pelo mesmo no livro: "50 Anos de Poesia", pag. 8), ganhando inúmeros troféus.


OUTRAS CURIOSIDADES:


- Para alguns era considerado um artista polêmico, genial e ao mesmo tempo genioso, pois era radical ao defender seu ponto de vista. Dizia o que tinha que dizer; gostassem ou não.

- Uma vez ao ser comparado a um corvo, devido a seu gosto por roupas escuras, respondeu: “O corvo é uma ave higiênica, que limpa todos os campos”.(fonte ZH)

- Seu ultimo CD: Êxitos 1 (lançado dias após sua morte) estava pronto com mais de ano de antecedência; o lançamento havia sido adiado (a seu pedido) pois queria estar em melhores condições de saúde...Essa gravação eu considero que foi a mais difícil para ele gravar, sua voz refletiu o estado de saúde. Nela não vemos o esplendor e a potência que tanto caracterizou seu trabalho.

- Dentre seus companheiros e parceiros musicais destacam-se: Noel Guarany, Cenair Maicá, Pedro Ortaça, Lucio Yanel, Glênio Fagundes, Chaloy Jara, e os mais "novos" Gilberto Monteiro e Luiz Marenco(este, foi o que mais gravou a obra do Jayme) .
Jayme com dois de seus maiores parceiros: Cenair Maicá(e) e Chaloy Jara(centro)
Foto cortesia prof. José Francisco Alves


- Recebeu ao longo de sua carreira inúmeras premiações e homenagens: destaque especial no prêmio Açoriano de Música (1997), troféu Simões Lopes Neto, maior honraria concedida pelo Governador do estado (1997), Troféu Laçador de Ouro (1997).

- Foi escolhido como patrono da feira do livro de São Luiz Gonzaga em 1994.

- Foi instituído em sua homenagem, na data de seu aniversário, 30 de Janeiro, o “Dia do Payador” com lei estadual de N° 11.676/01 de autoria do Deputado estadual João Luiz Vargas, por iniciativa do poeta e pajador Paulo de Freitas Mendonça, logo após o falecimento de Jayme.

- Os Dois Lenços: devido à grande admiração por seu tio avô Laurindo Ramos, poeta e Coronel chimango da revolução de 1923 e 1924 e por influencia de seu parente Ruy Ramos, começou a usar o lenço branco, sendo apelidado desde moço de “chimango”, chegando até usar como pseudônimo. Muito mais tarde, na sua maturidade, ao morar em Porto Alegre, capital política dos gaúchos, passou a usar o lenço colorado.

- Usou em várias publicações antigas alguns pseudônimos: Chimango, Andarengo, Tiarajú e Martin Fierro.(fonte livro "O Grande Payador" do seu Nei Fagundes Machado)

-Me contou o seu Juca Ramos(primo-irmão do Jayme) que o poeta era torcedor gremista, mas nem por isso deixou de assistir com ele e outros amigos colorados a um GreNal dentro da torcida do Internacional. Naquela feita, ao ser quase denunciado ao comemorar um gol do Grêmio, disfarçou e criativamente disse: “Dá-lhe seus frescos, nós estamos jogando mal, mas vamos virar essa porcaria...” (como se fosse um fanático torcedor colorado). O que motivou risadas entre os amigos que sabiam da verdade.


-Outra que me contou o seu Juca Ramos é a de quando Jayme era diretor da biblioteca pública, recebia seguidamente a visita dele, que na época era estudante e ia lá fazer pesquisas, em certas vezes Jayme reunia Sr. Juca e outros estudantes e encaminhava todos para sua sala para “estudar” a Divina Comédia de Dante Alighieri, ao cruzar pela secretária, uma idosa senhora, ele pedia para não ser importunado, pois precisava ensinar muitas coisas importantes àqueles jovens estudantes, o que causava certa admiração na senhora, mal sabia ela que eles iam jogar truco....

-Sobre o dueto com Gildo de Freitas:
Essa história me foi contada pelo seu Pedro Ortaça, pelo seu Juca Ramos e Marquito Moraes(na época com 13 anos).Ocorreu no ano de 1974, Gildo de Freitas(Leovegildo José de Freitas, o maior expoente da trova no Rio Grande do Sul), estava fazendo show em São Luiz Gonzaga e Jayme estava na Timbaúva, na fazenda Santa Terezinha das Rosas, comunicaram o seu Danton Ramos(tio do Jayme e pai do seu Juca) que o Gildo estava em São Luiz, mandaram uma camionete levar Gildo para fazenda. A alegria da chegada do Gildo foi contagiante. Eu consigo imaginar, pois já participei várias vezes das tertúlias naquele local sagrado da poesia gauchesca. Apesar do Gildo estar com dor terrível nos rins, o que o fez ficar deitado o tempo todo numa cama de campanha embaixo das árvores, não impediu da rodada de versos entre ele e o Jayme ter se estendido a tarde toda e noite adentro. Nessa ocasião o Gildo fazia seus versos tradicionais em forma de trova e o Jayme respondia em pajada(décimas). Acho que foi algo inédito, não soube de outro dueto em estilos diferentes... O mais triste de tudo é não ter um registro fotográfico para gente ver. Parece que havia um casal de Brasília, que tinha fotografado, isso me foi contado pelo amigo, o artista plástico Marquito Moraes, que na época tinha treze anos de idade. Caso eu consiga, postarei aqui com certeza esse encontro memorável dos dois maiores gênios da poesia improvisada do Rio Grande do Sul.



Jayme e o "BOCHINCHO": Na verdade são: três Bochinchos. 

Bochincho significa no "gauches": briga em baile de rancho de baixa categoria.(dito por Jayme no livro:"Vocabulário Pampeano" de 1973).

1º) O primeiro "Bochincho" é de 1965 no livro "Potreiro de Guaxos"(editora Champagnat)
Poema escrito em oitavas(estrofe escrita em oito versos/linhas)com 11 estrofes .
Começa com: "Chinocas de todo porte
                      E guascas do queixo roxo..."

2º) O segundo "Bochincho" é do livro "Bota de Garrão"(há uma dúvida da data deste livro se é de 1966 ou 1979). 
Este Bochincho é o mais famoso e dá pra notar que foi um aperfeiçoamento do anterior. 
Feito todo na estrutura da décima espinela(estrofe escrita em dez versos/linhas), são ao todo 17 estrofes em décimas. O que deu uma apresentação clássica na obra.
Começa com: " A um bochincho certa feita
                       Fui chegando de curioso..."

3º) O terceiro chama-se: "O último Bochincho" publicado  no livro "Paisagens Perdidas" de 1987(editora Sulina).
Poema escrito em oitavas(estrofe escrita em oito versos/linhas) em 10 estrofes .
Começa com:  " A de oito baixos roncava
                        E o candeeiro estremecia..."

A inspiração para o Bochincho:
Existe um boato de que o Jayme havia presenciado uma briga num baile, e que o levou a inspiração para escrever o primeiro Bochincho. 
Ou de que contaram pra ele sobre uma briga. 
Não sei ainda a origem...
Mas sinceramente, acredito que a inspiração veio mesmo da obra  "Martin Fierro", livro de José Hernandez que o Jayme era admirador. 




Jayme declamando poesias de outros:

Conheço só a genial obra "Tobiano Capincho" de Aureliano de Figueiredo, o qual Jayme era grande admirador e fez questão de interpretar essa obra no seu primeiro registro fonográfico no álbum: "Payador-Pampa-Guitarra" em parceria com Noel Guarany. Nota-se pela sua interpretação magistral de que além de poeta e pajador, Jayme era um grande declamador.



















-Abaixo uma foto rara:


Da esquerda para direita:1º) Jayme Caetano Braun; 2º) Apparício Silva Rillo; 3º) Padre Heitor Rosetto; 4º) Cláudio Oriandi Rodrigues(tio Manduca); 5º)?;
6º) José de Figueiredo Pinto(Zeca Blau); 7º) Pedro Palmeiro e
8º) Antônio Manoel Palmeiro.
Agradecimento a João Sampaio, José Luiz dos Santos, Tadeu Martins e Lúcia Palmeiro pela ajuda identificação dos nomes.(falta só o 5º)





- OUTRA foto rara:
Jayme foi figura ilustre nos eventos da Mostra da Arte Missioneira existente em São Luiz Gonzaga. Era o artista mais aguardado. Tive a honra e alegria de ver e ouvir as suas apresentações. 



Cenair Maicá, Jayme, Chaloy Jara e Tato Maicá
foto-Péricles Luconi, o famoso 007( pai de Clio Luconi)


2ª Mostra da Arte Missioneira em São Luiz Gonzaga-RS 1983
Local Ginásio esportes(Ginasião) JB Loureiro
Noel Guarani, Pedro Ortaça, Cenair Miacá, Chaloy Jara e Dedé Cunha
obs: Lamentavelmente o Jayme não aparece, pois estava no lado do palco
obs 2: eu tive a honra de assistir essa apresentação.






Seção Fotos Jayme com amigos:

Jayme em Rio Verde de MT, Mato grosso do Sul 1984
Junto com os conterrâneos médicos:
Wanderlan Marques Dorneles Silveira(esq.)
e Winston Ramos de Almeida(dir.) 


Em Rio Verde/MS: Jayme, Cenair Maicá e Chaloy Jara
juntamente com Winston e Wanderlan
Apresentação na cidade em 1984.





Jayme com os netos: Eduardo e Luciano




-Até o momento, Jayme Caetano Braun, recebeu três esculturas em sua homenagem
feitas por Vinícius Ribeiro escultor: 





Toda minha história de retratação do Jayme começou com uma estatueta que a administração municipal de São Luiz Gonzaga, do então prefeito Jauri Gomes de Oliveira, me encomendou em maio de 2002:

Aqui no dia da entrega.


Novamente divulgado em junho...



Divulgado também no Correio do Povo.


E no Jornal do Comércio.

Como se tratava apenas de uma maquete(protótipo) para a escultura do pórtico(que não saiu), não conto como homenagem relevante ao Jayme. 
Porém não posso negar que foi graças a essa pequena estatueta que fui convidado para fazer as três abaixo. Veja: 
       















) Em 2005, uma estatueta de 1 m, feita em concreto armado e está no CTG Galpão de Estância-SLG, 






Estatueta Jayme CTG Galpão de Estância-SLG-RS-2005



   


) Em 2006, uma estátua de 2 metros de altura em concreto armado e está no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Acampamento farroupilha) em Porto Alegre-RS. Esta foi a primeira "estátua" homenageando o poeta e pajador.









Com folclorista Paixão Côrtes
na inauguração estátua
Jayme Caetano Braun
Porto Alegre-RS-02/12/2006



) Em 2009, o monumento em sua cidade natal São Luiz Gonzaga, de 6 metros de altura, em concreto armado. 




Clênio, Cássius e Vinícius
início ferragens monumento
JCB-2007




Inauguração monumento Pajador JCB
São Luiz Gonzaga-RS- 10/10/2009





Finalizando:

Foi sempre a emoção que norteou o poeta.
A inspiração (cerne da sua poesia) saía abrindo caminhos, na frente da informação e da rima.
Esse era o grande diferencial de Jayme Caetano Braun: 
“O POETA ERA TODO INSPIRAÇÃO!”


Pesquisa
Vinícius Ribeiro 2° Semestre 2005.
Colaboração:
Senhora Gelsa Ramos de Moraes
Entrevistados: 
Sr. Ataliba dos Santos e Sr. Juca Ramos.
Revisão final:
-Sra. Aurora Ramos Braun(feita em 10 de fevereiro de 2009).
-Danci Ramos,poetisa(feita em 30 de Janeiro de 2015).

Fontes

– Cartório de registro civil de São Luiz Gonzaga
– Cartório de registro civil de Bossoroca
- Jornal Zero Hora (Porto Alegre) Datas e algumas citações nas "Curiosidades"
- Jornal A Notícia (São Luiz Gonzaga)
- Livro "Pioneiros da Bossoroca" do sr. Ilvo Jorge Bertin Fialho. 
- Outros: Parentes e amigos do Jayme que entrevistei e já citei no início.



Para saber sobre as duas fazendas que considero como uma das nascentes crioulas da poesia gauchesca e que marcaram a vida e Jayme, clica aqui:

Obs: Para saber muito mais sobre Jayme Caetano Braun, clique aqui:
http://viniciusribeiroescultor.blogspot.com.br/2007/09/blog-post_7622.html





ATENÇÃO!

Abaixo postarei alguns documentos referentes ao Jayme, caso queira saber mais sobre esses documentos, clique aqui:http://viniciusribeiroescultor.blogspot.com/2022/01/98-anos-de-jayme-caetano-braun-bem.html
Peço encarecidamente para quem for usar essas imagens, tenham a grandeza de dar os créditos!😊


 

Para saber o motivo da 2ª via da certidão de nascimento constar como emitida pela cidade de Bossoroca, favor clicar aqui:
(na época 1924, Timbaúva fazia parte do 3º Distrito de SLG,assim como Bossoroca que era conhecida como Igrejinha ou vila dos Cataventos) 





Certidão batismo, documento gentileza paróquia São Luiz Gonzaga, via secretária:Iolanda Pereira Martins.










Certidão original do batismo, gentileza viúva Aurora Ramos Braun.



Certidão crisma Jayme. Ele foi crismado aos três anos de idade devido a vinda do bispo de Urugaiana Don Hermeto José Pinheiro. Este documento foi uma gentileza paróquia São Luiz Gonzaga: Leane Colbeck de Oliveira.



Meu avô foi padrinho de Crisma do Jayme(ele com apenas três anos),
vide nº112 da lista.
E acabou também crismado aos 24 anos(para aproveitar vinda do bispo),
vide nº122 lista.


Documento: gentileza da viúva Aurora Ramos Braun.

Fotocópia do livro original paróquia católica matriz-SLG. Batismo do Jayme. Gentileza paróquia São Luiz Gonzaga-RS.



Foto primeira comunhão Jayme em São Luiz Gonzaga com a idade de 09 anos(quase dez).Gentileza do saudoso amigo e pesquisar da obra do Jayme: Hilton Araldi de Passo Fundo-RS.


Atestado de dispensa serviço militar, que o Jayme somente foi tirar em 1969. Este documento raro é uma gentieza da viúva Aurora Ramos Braun.
Fundos do documento do Jayme da dispensa serviço militar.






Certidão óbito










Para saber sobre João da Cunha Vargas(João Vargas do Alegrete):
http://criteriosamente.wordpress.com/2013/06/19/joao-da-cunha-vargas/





Para visualizar melhor as imagens, clicar com botão direito do mouse e abrir em nova aba!



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O livro que deu uma pequena confusão:

 "A história da estátua de Jayme Caetano Braun" de 2012, autoria do sr. Elói Guimarães, que conta com riqueza de detalhes sobre a escultura que fiz homenageando Jayme em Porto Alegre.







Sr. Elói enquanto vereador de Porto Alegre-RS, foi responsável pela aprovação da lei e também por todo patrocínio para execução da 1ª estátua homenageando Jayme Caetano Braun.
Para seu livro, que relata todos os passos da homenagem, utilizou informações deste blog, autorizadas sim, porém copiou e colou toda parte do histórico e curiosidades(páginas 53 até a 67 do seu livro) sem citar que eram palavras minhas(somente ao final ele faz um agradecimento), deu margem a confusão e mal estar, pois fui questionado por estudantes se eu havia me baseado no livro citado.
Como me basear? Se registrei este histórico originalmente em maio de 2008?? Foi bem o contrário!
Seu Elói é um amigo e sei sem sombra de dúvidas que não fez por mal, porém após impresso o erro, nada mais resta a fazer a não ser vir aqui e explicar...